Enterro de mototaxista é marcado por protestos e pedidos de punição para culpados
Grupo de motociclistas fez manifestação na Avenida Brasil. Diego da Costa Algarves, de 22 anos, foi sepultado em Irajá
por RAFAEL GALDO
09/02/15 - 16h14 | Atualizado: 09/02/15 - 22h47
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RIO — O corpo de Diego da Costa Algarves foi sepultado na tarde desta segunda-feira em clima de muita tristeza e sob protestos no Cemitério de Irajá. Familiares, amigos e colegas de profissão do jovem pediram punição aos responsáveis pela morte do mototaxista, baleado pelas costas, segundo moradores, durante uma abordagem da PM na Vila Cruzeiro.
— Estamos muito indignados. Em vez de nos dar segurança, a polícia está nos matando — disse o pai de Diego, o serralheiro José Maurício de Moraes Algarves, de 46 anos. — Diego estava sempre sorridente. Até na foto que colocamos no túmulo, ele aparece sorrindo. Era um bom filho e nunca teve passagem nenhuma pela polícia. O sonho dele era ser pai.
Outros parentes e amigos do rapaz também afirmaram que Diego era um jovem honesto e trabalhador. Na hora do enterro, eles participaram de uma oração e cantaram hinos evangélicos e o “Rap da Felicidade”, cujo refrão diz: “Eu só quero ser feliz / Andar tranquilamente na favela onde eu nasci”.
Alguns gritavam palavras de ordem contra a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Já o caixão foi coberto por camisas da cooperativa de mototáxi em que Diego trabalhava, além do capacete que ele usava.
Desde o início da tarde desta segunda-feira, um grupo de pelo menos 200 mototaxistas do Complexo da Penha acompanharam o velório.
BUZINAÇÃO APÓS ENTERRO
Mototaxista, Leandro Santos contou que, na manhã de domingo, Diego voltava de uma festa para casa. Segundo Leandro, o clima na comunidade continuava tenso nesta segunda-feira:
— A relação (entre a polícia e moradores) agora está crítica. Morrem inocentes e também policiais. Então, vivemos num bairro com medo. Toda a comunidade sofre com essa situação.
Após o enterro, os mototaxistas seguiram em comboio de volta à Vila Cruzeiro, numa manifestação contra a morte do colega de profissão. Com buzinaço e velocidade reduzida, eles deixaram Irajá pela Avenida Brasil, entraram na Linha Amarela e continuaram pelas avenidas Itaoca e Itararé até a Penha. O trânsito ficou complicado, mas nenhuma via chegou a ser fechada.
No entorno e dentro da Vila Cruzeiro, informou a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), houve reforço no policiamento. E, por volta das 17h, foram ouvidos disparos na região. Um helicóptero da PM sobrevoava a comunidade, e parte do comércio da Avenida Nossa Senhora da Penha, um dos principais acessos à favela, funcionou com a porta pela metade. No entorno, porém, a rotina seguia normal.
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